Debate no Casarão Brasil, em fevereiro, falou sobre a vida de travestis idosas
por Neto Lucon
“Ao
chegarem na terceira idade muitas travestis voltam ao armário, voltam a
ser e a se vestir como homens”, disse o psicólogo Pedro Sammarco
Antunes (foto), durante o debate Travestis na Terceira Idade, mediado
pela travesti Miriam Queiróz (foto centro), promovido pelo Casarão
Brasil, no dia 18 de fevereiro. A afirmativa é justificada pelo
preconceito duplo que sofrem - primeiro por serem travestis e depois por
serem idosas – além de fatores como abandono, solidão...
Autor
de um mestrado sobre o tema, Pedro declarou que, enquanto idosos
não-travestis buscam o rejuvenescimento para se adequar aos moldes
sociais (da eterna beleza jovem), as travestis geralmente só conseguem
respeito quando passam pelo estereótipo da senhora e da velhice. “Caso
ela se submeta às cirurgias de rejuvenescimento, ainda sofrerá
preconceito por ser travesti. A sociedade tende a recriminar aquilo que
foge dos padrões”, explicou.
No
debate, também esteve presente um senhor que declarou ter sido travesti
por mais de 15 anos, trabalhando na Europa e deixando a vida feminina
após a maturidade. O nome social é Mayara Clen dos Santos (foto ao
lado): “O motivo de eu ter deixado de ser travesti é complexo, tem a ver
com um amor da época. Também vi que aquilo não era muito bem o que eu
queria mais”, resumiu. Hoje, Mayara tem cabelos curtos, pêlos que saem
pela camisa e vestes masculinas. Os gestos, o olhar e a fala continuam
delicados.
A
realidade e o retorno ao armário de travestis assemelham-se com a de
muitos homossexuais idosos. Em reportagem da revista Junior, edição 13,
homossexuais com mais de 60 anos revelaram a difícil vida de quem
necessita de serviços assistenciais, como asilos e albergues. Para não
sofrer preconceito de outros moradores idosos (que fazem parte de uma
geração mais conservadora), muitos escondem a sexualidade e o passado
gay. A maioria dos abrigos de São Paulo sequer sabe responder sobre a
sexualidade dos senhores.
A
psicóloga Carolina Rodrigues de Carvalho, com a finalidade de mostrar
outras trajetórias, declarou que muitas travestis idosas assumem o papel
de mãe das mais novas. “Muitas são cafetinas, bombadeiras, fazem a
iniciação de uma travesti”. Ela também ressaltou que devemos encarar a
prostituição como uma profissão – “estamos falando do corpo e no direito
de cada um” – mas que, tendo em vista que ser cafetina e bombadeira é
ilegal, é necessário atentar os olhos para este grupo através de
políticas públicas.
“Estamos vendo que para uma travesti na
terceira idade as opções não são tão boas. Precisamos, portanto, de
políticas públicas voltadas a elas”, afirmou Carolina.
COTAS PARA TRAVESTIS?Para
suprir as necessidades da população travesti, foi discutido cotas e
bolsas. Algumas pessoas manifestaram ser contra cotas, enquanto outras
defenderam que é uma alternativa emergencial para o grupo que não teve
acesso ao estudo.
Entre os discursos, destacamos: “O sistema de
cotas não é para sempre. É um sistema emergencial para quem já não teve
acesso à escola.” “É o governo assumir que existiu falhas com aquela
população, afinal, travesti tem algum acesso a estudo, alguma chance no
mercado de trabalho?” “Sabemos que as cotas não vão resolver os
problemas, e que o problema está na base. Mas o que fazer para quem já
passou dessa fase?” Pense...
Escrito por Flor do Asfalto às 02h01 PM
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Em
02/02 o Departamento de Humanidades, por meio da Assessoria de Gênero
realizou em parceria com a Sub Sede do ABC do Conselho Regional de
Psicologia uma roda de conversa sobre travestis e transexuais, em
comemoração ao dia da Visibilidade Trans, 29/01. O objetivo foi fomentar
a discussão junto @s psicólog@s da região, haja vista esta ser uma
temática que ainda enfrenta muitos tabus na profissão. Participaram
profissionais de Santo André e Mauá em roda de conversa muito enriquecedora, tendo como facilitador e debatedora, respectivamente, Alexandre Peixe e Clara Cavalcanti.
Esta
idéia foi das Psicólogas Janaína Leslão e Carolina Carvalho, que
participam da Comissão de sexualidade e gênero da sede de São Paulo do
Conselho Regional de Psicologia - CRP.
Esta parceria entre CRP e Prefeitura para discutir a diversidade sexual foi uma ação inovadora, a primeira de muitas outras.
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Sou transexual não operada, e não gostaria de ter que voltar ao armário na minha terceira idade, hoje aos 36 anos, sou funcionária pública municipal. Tenho minhas dificuldades em relacionamentos pois o homem me vê como velha para viver suas aventuras. Ainda hoje somos vistas como aventuras amorosas, e a terceira idade para a vida transexual não se encaixa nessas aventuras, tanto por parte de homens quanto das próprias travestis e transexuais.
ResponderExcluirO preconceito é geral de ambas as partes, pois ainda somos vistas como objetos de desejos e não, sentimentos, por parte da maioria dos homens.
vc eh de onde..
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