Giulio Sanmartini
O jornalista Reinaldo Azevedo, no dia 5/8, falando sobre o julgamento do “mensalão”, afirma com rara proficiência: “Não tenho especial prazer em ser chulo — aliás, prazer nenhum, muito pelo contrário! —, mas também não temo as palavras. Ao Supremo Tribunal Federal caberá, sim, dizer se cadeia, no Brasil, continua a ser um “privilégio” que só atende aos três ‘pês’: pobre, preto e puta. Eu convido os ministros do Supremo, então, a democratizar a língua do ‘pê’ e a dizer se “político” e ‘petista’ também podem gozar desse benefício, o que significará acrescentar um outro ‘pê’, este sim fundamental: ‘poderoso’. Então ficamos assim: os ministros do Supremo dirão se o país que prende, com especial desenvoltura, ‘pobre, preto e puta’ também tem a coragem de prender ‘político, petista e poderoso’. Tem ou não? É o que veremos”.
Este princípio de Reinaldo deveria se estender a outros homens públicos igualmente corrupto. Estou me referindo especificamente ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA), mesmo não sendo filiado ao PT, tem uma ligação xifópaga com esse partido, como podemos observar na foto.
Jader Barbalho renunciou ao cargo de senador em 2002, para não ser cassado, pois foi denunciado por desvio de varbas públicas na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), no Banco do Estado do Pará – Banpará e no Instiuto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA.
Sua situação atual deveria causar vergonha ao poder Judicial. Dos 54 senadores eleitos em outubro de 2010, Jader Barbalho (PMDB-PA) foi o último a tomar posse no Senado. Barrado inicialmente pela Lei da Ficha Limpa, só foi empossado em 28 de dezembro de 2011, nove meses após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que a lei não valeu para as eleições passadas.
Tal como em seus últimos dois mandatos na Câmara, Jader não fez um único pronunciamento em plenário nem apresentou qualquer projeto de lei desde que voltou ao Senado, em 28 de dezembro – dez anos após ter renunciado para escapar de processo de cassação. Compareceu a pouco mais da metade das sessões destinadas a votação, não registrou presença nas comissões nem relatou qualquer proposição. Tamanha vagabundagem, porém, não sai de graça.
Apenas nos sete primeiros meses do ano, o peemedebista gastou R$ 107,8 mil com a divulgação de sua atuação parlamentar. Entre janeiro e julho, Jader destinou R$ 15,4 mil para a empresa que cuida de sua comunicação na internet, sediada em São Bernardo do Campo (SP). Uma conta que foi paga pelo Senado, que o ressarciu integralmente, a exemplo do que é feito com todas as despesas dos senadores atribuídas ao exercício do mandato.
O ex-presidente do Senado foi o segundo senador que mais gastou com a divulgação de sua atividade parlamentar no primeiro semestre legislativo. Ficou atrás apenas de Ângela Portela (PT-RR), que despendeu cerca de R$ 110 mil para propagandear sua atuação. Somados os gastos com passagens aéreas, Jader teve mais de R$ 160 mil em despesas ressarcidas pela Casa desde o início do ano.
O senador, que reclamou em sua posse ter perdido um ano de mandato por causa da indefinição da Justiça sobre a Lei da Ficha Limpa, deixou de comparecer a 40% dos 62 dias que o plenário do Senado reservou para sessões deliberativas, entre janeiro e julho. Das 25 ausências acumuladas por ele, três foram justificadas por motivo de saúde – no início do ano, Jader foi submetido a uma cirurgia na próstata; 14 foram atribuídas a compromissos relacionados à atividade parlamentar. Oito faltas ainda não apareciam justificadas nos registros da Secretaria Geral da Mesa até a semana passada.
Jader continua poderoso, com cargos nos governos federal e estadual. E dizer que ele responde ao maior número de ações no Supremo, é réu em cinco processo.
Com Jader impune, o Brasil jamais terá futuro, pois continuará tendo seu passado e seu presente, maculado indelevelmente pelo peculato.
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