domingo, 7 de julho de 2013

Idosos em lista suja















Pesquisa do SPC Brasil aponta endividamento entre as pessoas com idade acima de 65 anos
Os consumidores com mais de 65 anos respondem pela maior parcela de inadimplentes no mês de maio, segundo levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com o estudo, um em cada quatro cadastros negativos correspondem a um consumidor idoso. Entre as razões, estão o aumento de gastos com saúde e o empréstimo de nome para parentes tomarem crédito. Segundo o SPC Brasil, a inadimplência entre os idosos tem se mantido na média de 25% desde o início do ano, quando o levantamento considerando a idade dos devedores começou a ser feito.
A pesquisa também aponta que 22,5% dos cadastros negativos são de consumidores com idade entre 30 e 39 anos. A faixa de menos inadimplentes é a de menos de 24 anos, com 11,5% do total. De acordo com o estudo, 50,77% do total dos consumidores inadimplentes no mês de maio tinham dívidas de mais de R$ 500. Outros 15,92% das dívidas eram entre R$ 250 e R$ 500; 18,02% entre R$ 100 e R$ 250, e 15,29% de até R$ 100. A pesquisa mostra ainda que as mulheres são maioria entre os inadimplentes (53,72%), enquanto os homens são 46,28% do total.
O economista Nélio Bordalo, vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon-PA), explica os motivos que levam os idosos a ficarem endividados. "Nessa fase da vida, há um aumento significativo nos gastos com saúde, principalmente em relação aos remédios. Isso contribui diretamente para o aumento da inadimplência entre os idosos. O fato deles não terem tido um planejamento financeiro ao longo da vida também contribui para isso. Outro aspecto que costuma agravar a situação é que muitos famílias brasileiras, por estarem passando por problemas financeiros, acabam sendo bancadas por idosos. Sem contar que, quando se aposenta, a renda tende a cair e muitos idosos apresentam dificuldade em se adequar. Exatamente por isso, é cada vez mais comum idosos, mesmo aposentados, voltarem para o mercado de trabalho", diz.
Ele também alerta para a questão dos empréstimos consignados. "Muitas vezes, certos familiares fazem empréstimo no nome dos idosos. Esses parentes acabam não pagando e quem fica inadimplente é o idoso. É importante destacar também, que se tratando de empréstimo consignado, o valor não pode ultrapassar 30% da quantia que o idoso recebe. Apesar disso, alguns bancos, para segurar o cliente, excedem esse valor. O problema é que, em alguns casos, isso acaba prejudicando o orçamento do idoso, principalmente em relação às contas do dia-a-dia e ele acaba ficando endividado, já que o valor do empréstimo é descontado diretamente da conta", afirma.
Nélio explica o que os idosos devem fazer em caso de inadimplência. "Se o idoso ficou inadimplente porque comprou algum produto ou contratou algum serviço para um parente e esse familiar não pagou, ele deve procurar a pessoa para que ela honre com isso. Caso ela realmente não tenha como pagar, o idoso tem que procurar a instituição onde foi contraída a dívida e tentar renegociar", aconselha.
O economista ressalta que os idosos devem ter cuidado ao usar o cartão de crédito. "Nunca se deve gastar mais do que ganha. O ideal é que o idoso sempre pague o valor total da fatura do cartão de crédito e não apenas o valor mínimo", diz. Ele conta ainda o que os jovens podem fazer para evitar problemas financeiros na velhice. "A principal orientação para quem ainda está trabalhando é a de que pague o INSS para que possa contar com uma renda após o fim da sua vida produtiva. Outra ação que pode ajudar a pessoa a ter uma vida mais tranquila na 3ª idade é poupar de 5 a 10% da sua renda mensal já visando os gastos extras com saúde no futuro. Nos últimos anos, a expectativa de vida aumentou. Por isso, as pessoas devem, desde já, fazer uma reserva para essa vida a mais", afirma.
Drama - A aposentada Célia Mota, de 71 anos, faz parte do grupo de idosos que está endividado atualmente. "O meu nome foi pro SPC porque, de vez em quando, eu comprava para outros parentes no meu cartão de crédito. Acontece que alguns familiares não pagaram a dívida e eu acabei ficando inadimplente. Se o valor da conta fosse pequeno, eu mesma pagava. Mas, infelizmente, não é o caso", diz.
O aposentado João Ribeiro, de 70 anos, também ficou inadimplente por um tempo, mas recentemente consultou o SPC e verificou que o seu nome não consta mais na lista de devedores da instituição. "Fiquei inadimplente por um tempo porque comprei um celular de conta para o meu genro e ele acabou não pagando a dívida", afirma. O aposentado conta ainda o que faz para não ficar inadimplente novamente.
Procon alerta contra assédio de bancos
A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) considera preocupante a abordagem que algumas instituições do setor financeiro realizam para a concessão de empréstimo consignado (crédito com desconto no benefício por meio de empréstimo pessoal e/ou cartão de crédito) para aposentados e pensionistas. Segundo a instituição, há empresas que se aproveitam da falta de conhecimento do consumidor para induzi-lo a assinar contratos de financiamento e outros documentos que podem comprometer o orçamento mensal da pessoa.
Por isso, caso o idoso possua empréstimo consignado ou pretenda contratar esse tipo de serviço, a instituição orienta que fique atento às ofertas que se mostram muito vantajosas. O Procon aconselha também que antes de assinar o contrato, o idoso leia com atenção todas as cláusulas, que devem conter informações claras sobre qual o valor total a ser pago, os juros cobrados e as outras condições do financiamento.
A instituição orienta ainda que o idoso não assine procuração para pessoas desconhecidas e faça uma avaliação cuidadosa de quanto o empréstimo consignado vai comprometer o seu orçamento, lembrando que a mensalidade não pode ultrapassar 30% do montante do benefício, no empréstimo, e 10% no crédito consignado. 
Edição de 07/07/2013 - Jornal Amazônia

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