Pesquisa do SPC Brasil aponta endividamento entre as pessoas com idade acima de 65 anos
Os
consumidores com mais de 65 anos respondem pela maior parcela de
inadimplentes no mês de maio, segundo levantamento realizado pelo
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com o estudo, um em cada
quatro cadastros negativos correspondem a um consumidor idoso. Entre as
razões, estão o aumento de gastos com saúde e o empréstimo de nome para
parentes tomarem crédito. Segundo o SPC Brasil, a inadimplência entre os
idosos tem se mantido na média de 25% desde o início do ano, quando o
levantamento considerando a idade dos devedores começou a ser feito.
A
pesquisa também aponta que 22,5% dos cadastros negativos são de
consumidores com idade entre 30 e 39 anos. A faixa de menos
inadimplentes é a de menos de 24 anos, com 11,5% do total. De acordo com
o estudo, 50,77% do total dos consumidores inadimplentes no mês de maio
tinham dívidas de mais de R$ 500. Outros 15,92% das dívidas eram entre
R$ 250 e R$ 500; 18,02% entre R$ 100 e R$ 250, e 15,29% de até R$ 100. A
pesquisa mostra ainda que as mulheres são maioria entre os
inadimplentes (53,72%), enquanto os homens são 46,28% do total.
O
economista Nélio Bordalo, vice-presidente do Conselho Regional de
Economia do Estado do Pará (Corecon-PA), explica os motivos que levam os
idosos a ficarem endividados. "Nessa fase da vida, há um aumento
significativo nos gastos com saúde, principalmente em relação aos
remédios. Isso contribui diretamente para o aumento da inadimplência
entre os idosos. O fato deles não terem tido um planejamento financeiro
ao longo da vida também contribui para isso. Outro aspecto que costuma
agravar a situação é que muitos famílias brasileiras, por estarem
passando por problemas financeiros, acabam sendo bancadas por idosos.
Sem contar que, quando se aposenta, a renda tende a cair e muitos idosos
apresentam dificuldade em se adequar. Exatamente por isso, é cada vez
mais comum idosos, mesmo aposentados, voltarem para o mercado de
trabalho", diz.
Ele
também alerta para a questão dos empréstimos consignados. "Muitas vezes,
certos familiares fazem empréstimo no nome dos idosos. Esses parentes
acabam não pagando e quem fica inadimplente é o idoso. É importante
destacar também, que se tratando de empréstimo consignado, o valor não
pode ultrapassar 30% da quantia que o idoso recebe. Apesar disso, alguns
bancos, para segurar o cliente, excedem esse valor. O problema é que,
em alguns casos, isso acaba prejudicando o orçamento do idoso,
principalmente em relação às contas do dia-a-dia e ele acaba ficando
endividado, já que o valor do empréstimo é descontado diretamente da
conta", afirma.
Nélio
explica o que os idosos devem fazer em caso de inadimplência. "Se o
idoso ficou inadimplente porque comprou algum produto ou contratou algum
serviço para um parente e esse familiar não pagou, ele deve procurar a
pessoa para que ela honre com isso. Caso ela realmente não tenha como
pagar, o idoso tem que procurar a instituição onde foi contraída a
dívida e tentar renegociar", aconselha.
O
economista ressalta que os idosos devem ter cuidado ao usar o cartão de
crédito. "Nunca se deve gastar mais do que ganha. O ideal é que o idoso
sempre pague o valor total da fatura do cartão de crédito e não apenas o
valor mínimo", diz. Ele conta ainda o que os jovens podem fazer para
evitar problemas financeiros na velhice. "A principal orientação para
quem ainda está trabalhando é a de que pague o INSS para que possa
contar com uma renda após o fim da sua vida produtiva. Outra ação que
pode ajudar a pessoa a ter uma vida mais tranquila na 3ª idade é poupar
de 5 a 10% da sua renda mensal já visando os gastos extras com saúde no
futuro. Nos últimos anos, a expectativa de vida aumentou. Por isso, as
pessoas devem, desde já, fazer uma reserva para essa vida a mais",
afirma.
Drama -
A aposentada Célia Mota, de 71 anos, faz parte do grupo de idosos que
está endividado atualmente. "O meu nome foi pro SPC porque, de vez em
quando, eu comprava para outros parentes no meu cartão de crédito.
Acontece que alguns familiares não pagaram a dívida e eu acabei ficando
inadimplente. Se o valor da conta fosse pequeno, eu mesma pagava. Mas,
infelizmente, não é o caso", diz.
O
aposentado João Ribeiro, de 70 anos, também ficou inadimplente por um
tempo, mas recentemente consultou o SPC e verificou que o seu nome não
consta mais na lista de devedores da instituição. "Fiquei inadimplente
por um tempo porque comprei um celular de conta para o meu genro e ele
acabou não pagando a dívida", afirma. O aposentado conta ainda o que faz
para não ficar inadimplente novamente.
Procon alerta contra assédio de bancos
A
Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) considera
preocupante a abordagem que algumas instituições do setor financeiro
realizam para a concessão de empréstimo consignado (crédito com desconto
no benefício por meio de empréstimo pessoal e/ou cartão de crédito)
para aposentados e pensionistas. Segundo a instituição, há empresas que
se aproveitam da falta de conhecimento do consumidor para induzi-lo a
assinar contratos de financiamento e outros documentos que podem
comprometer o orçamento mensal da pessoa.
Por
isso, caso o idoso possua empréstimo consignado ou pretenda contratar
esse tipo de serviço, a instituição orienta que fique atento às ofertas
que se mostram muito vantajosas. O Procon aconselha também que antes de
assinar o contrato, o idoso leia com atenção todas as cláusulas, que
devem conter informações claras sobre qual o valor total a ser pago, os
juros cobrados e as outras condições do financiamento.
A
instituição orienta ainda que o idoso não assine procuração para pessoas
desconhecidas e faça uma avaliação cuidadosa de quanto o empréstimo
consignado vai comprometer o seu orçamento, lembrando que a mensalidade
não pode ultrapassar 30% do montante do benefício, no empréstimo, e 10%
no crédito consignado.
Edição de 07/07/2013 - Jornal Amazônia
Edição de 07/07/2013 - Jornal Amazônia
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