O Governo do Estado apresentou aos parlamentares o andamento das obras executadas pelo Executivo
Texto:
Amanda Engelke - Secom
O vice-governador Helenilson Pontes (e) informou que, até agora, o
governo estadual não teve acesso a nenhum dos recursos aprovados porque
não consegue comprovar a utilização de R$ 77 milhões feitos pela
administração anterior.
O vice-governador Helenilson Pontes detalhou aos deputados
estaduais, nesta quinta-feira (25), em sessão especial na Assembleia
Legislativa do Pará, os entraves que inviabilizam o governo do Estado de
ter acesso a cerca de R$ 1 bilhão oriundos das operações de crédito com
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
aprovadas, por unanimidade, pelo Poder Legislativo, no fim do ano
passado. Até agora, o governo estadual não teve acesso a nenhum dos
recursos aprovados porque não consegue comprovar a utilização de R$ 77
milhões feitos pela administração anterior, que ficou conhecida como
“Empréstimo 366”.
A Auditoria Geral do Estado (AGE)
constatou que 16 notas fiscais foram usadas para comprovar despesas em
operação de crédito junto ao Banco do Brasil. As mesmas 16 notas também
foram apresentadas para comprovar despesas no “Emprestimo 366”,
contraído perante o BNDES. Ambos os financiamentos foram contraídos para
executar obras distintas do programa Ação Metrópole, mas as notas que
serviram de comprovação de gastos para o Banco do Brasil acabaram também
sendo incluídas irregularmente na prestação de contas do 366 ao BNDES.
“Enquanto o Estado do Pará não apresentar outra prestação de contas ao
BNDES que supra a aplicação dos R$ 275 milhões, usados durante o governo
passado, referentes ao empréstimo de R$ 366 milhões, o Pará está com
direito de crédito suspenso junto ao BNDES”, esclareceu aos deputados
Helenilson Pontes, que aproveitou a oportunidade para esclarecer sobre o
andamento de diversas notas.
Os recursos
financiados pelas operações de crédito estão planejados para serem
injetados nas áreas da saúde, logística, esportes, turismo e segurança.
Saneamento e educação também estão entre os setores que ganharão fortes
investimentos, distribuídos da seguinte forma: R$ 180 milhões para a
área da saúde; R$ 672 milhões para infraestrutura; R$ 610 milhões para
as áreas de educação, esporte e turismo; outros R$ 610 milhões para a
segurança e R$ 273 milhões para urbanismo e saneamento.
Recursos próprios
Para não atrasar a execução das obras previstas nas operações de
crédito, o Estado já aplicou cerca de R$ 100 milhões em recursos
próprios. Nenhuma obra prevista nas operações de crédito, segundo o
vice-governador, está parada. “O fato de o BNDES ter liberado os
recursos não impediu que o Estado colocasse verbas do Tesouro na
expectativa de ser reembolsado pelo BNDES, com a nova prestação de
contas”, afirmou. Entretanto, o Governo está recebendo constantemente
ofícios do BNDES, exigindo que haja uma declaração da AGE de que não há
duplicação de notas numa nova prestação de contas.
Encaminhado em setembro do ano passado, o ofício enviado pela contadora
da área de Infraestrutura Social do BNDES, Valeska Farias, solicita que
na nova prestação de contas deve ser apresentada uma declaração emitida
pela AGE, mencionando que os auditores do Estado atestam a regularidade
licitatória das intervenções e a regularidade dos processos de
pagamento, indicando que não há duplicidade de notas ficais e que as
notas apresentadas estão sendo usadas exclusivamente para comprovação da
operação. Um ofício com o mesmo teor foi enviado em abril deste ano,
dando ao Estado um prazo de 60 dias para prestar contas com a
instituição bancária.
Contradições
O relatório feito pela AGE apontou que 16 notas fiscais idênticas, que
totalizam R$ 77 milhões, foram apresentadas aos bancos para justificar
financiamento de investimentos diferentes. Posteriormente a este
relatório, mais três notas fiscais foram identificadas com o mesmo
problema. “Ou seja, agora está se falando apenas das primeiras 16 notas,
mas no contexto, são 19 notas apresentadas no empréstimo 366 que eram
oriundas de outro contrato, portanto, houve uma ausência de comprovação.
Até hoje não se conseguiu junto aos órgãos operadores fazer essa
aplicação de recursos desse montante”, explica o auditor Geral do
Estado, Roberto Amoras.
A AGE também examinou
outras aplicações e solicitou ao Ministério Público do Estado que
abrisse investigação. O Ministério Público acatou o pedido e protocolou
ação na 3ª Vara da Fazenda Pública, em que pede da ex-governadora Ana
Julia Carepa e mais quatro assessores o ressarcimento de R$ 92 milhões
aos cofres públicos.
Sobre o parecer da procuradora
geral de Contas do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Maria Helena
Loureiro, que não apontou nenhuma ilegalidade de natureza grave capaz de
tentar a adoção de medidas saneadoras por parte da Corte de Contas, o
auditor afirma que o Estado não tem competência para comentar o
julgamento do TCE. “Porém, no relatório do TCE, existem contradições. No
fim, de uma forma que é contraditória, foi dito que essas
irregularidades, usando até a expressão que está no próprio texto desse
relatório da equipe do tribunal que analisou, há anomalias e
irregularidades até de uma forma esdrúxula, que não se julgou que elas
não são de natureza grave, capaz de ensejar uma autuação”.
Ainda segundo Roberto Amoras, é preciso que seja dito que, no próprio
Acórdão que os conselheiros presentes decidiram, eles recomendam que
seja feita a fiscalização da execução dessas despesas. Segundo o
vice-governador Helenilson Pontes, o documento com a avaliação do
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) já foi apresentado pelo Governo
do Estado e recusado pelo BNDES para a prestação de contas. “Para ter
acesso aos recursos, o Estado está tendo de cortar gastos, para prestar
contas com despesas de capital”, explica o auditor geral.
Entenda o caso
O QUE É O 366?
É o empréstimo de R$ 366 milhões tomado junto ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2010 pela administração
Ana Júlia Carepa.
POR QUE O 366 SE TORNOU IRREGULAR?
Porque a administração anterior apresentou ao BNDES 16 notas fiscais,
no valor de aproximadamente R$ 77 milhões, que já haviam sido
apresentadas anteriormente em outra operação de crédito no Banco do
Brasil. Ou seja, o BNDES não aceita a comprovação de gastos na Operação
366 com a duplicidade das notas fiscais, o que deixa o Estado em
situação irregular perante o banco.
QUAIS OS PREJUÍZOS PARA O ESTADO COM A AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DE GASTOS DO 366?
O Estado do Pará está impossibilitado de retirar R$ 100 milhões que
restam da operação 366. E o mais grave: não pode retirar e movimentar R$
1 bilhão em novas operações de crédito com o BNDES, que deveriam ser
aplicadas nos próximos dois anos, principalmente, em obras
estruturantes.
ONDE FORAM PARAR OS R$ 77 MILHÕES DO 366?
Nem a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), nem Secretaria de Estado
de Planejamento, Orçamento e Finanças (Sepof) conseguem explicar como
foram empregados estes recursos, uma vez que a administração anterior,
em sua demonstração contábil do exercício de 2010, mostra que o valor
foi alocado em uma conta raiz sem discriminar a ramificação que os
recursos tomaram, o que torna quase impossível explicar para onde os
valores foram carreados.
QUE MEDIDAS O ESTADO TOMOU PARA TENTAR REVERTER ESTE QUADRO?
O Governo do Estado apresentou ao Ministério Público do Estado quatro
relatórios da Auditoria Geral do Estado sobre o 366, que imediatamente
abriu processo (que hoje tramita na 3ª Vara da Fazenda Pública) e exige
na justiça que a ex-governadora Ana Júlia Carepa e seus assessores
devolvam a quantia de R$ 92 milhões aos cofres públicos.
Veja as operações de crédito que estão pendentes no BNDES:
BNDES (Proinveste) – Total – R$ 955.045.575
Construção e aparelhamento do Hospital de Itaituba – R$ 70.000.000
Construção e aparelhamento do Hospital Abelardo Santos – 2ª etapa – R$ 40.000.000
Restauração da Alça Viária – 2ª etapa – R$ 45.620.378
Pavimentação da PA-287 – R$ 33.720.071
Restauração da PA-150 – R$ 352.000.000
Restauração da PA-275 – R$ 25.705.126
Adequação do Terminal Hidroviário de Passageiros de Belém - R$ 15.000.000
Duplicação da Avenida Perimetral – R$ 43.000.000
Construção do Ginásio de esportes, no complexo esportivo do Mangueirão – R$ 60.000.000
Implantação do Parque do Utinga – R$ 150.000,000
Construção e aparelhamento de 30 UIPPs – R$ 45.000.000
Construção de 5 casas penais – R$ 25.000.000
Aquisição de aeronaves e helicópteros – R$ 20.000.000
BNDES (Saneamento) – Total – R$ 200.000.000
Restauração do 4° e 5° setores de abastecimento de água em Belém – R$ 146.000.000
Reabilitação do Centro de Operações de abastecimento de água da RMB – R$ 23.500.000
Limpeza do Lago Bolonha - R$ 5.000.000
Construção da adutora de água na Avenida João Paulo II – R$ 30.000.000
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