Apagado
"Ele entra mudo e sai calado" do Congresso, constata um peemedebista
"Ele entra mudo e sai calado" do Congresso, constata um peemedebista

Motivos
não faltam, portanto, para que o ex-poderoso parlamentar queira passar
despercebido em sua volta ao Senado. É o que diz a reportagem: "Sem o
poder que dispunha antes da renúncia e da prisão, peemedebista vai pouco
ao Congresso, evita imprensa e até agora não apresentou projetos."
Segundo o repórter Ricardo Brito, da reportagem do Estadão em Brasília,
"Jader Barbalho chega ao plenário do Senado e se acomoda em uma das
poltronas reservadas aos parlamentares do Pará, na terceira fila, do
lado oposto à tribuna de imprensa onde se aglomeram os jornalistas.
Taciturno, faz acenos discretos para colegas e vota como manda sua
bancada, a do PMDB. Em seguida, deixa o plenário com a discrição que se
impôs desde que retornou ao Senado, dez anos após deixar o comando da
Casa e renunciar ao mandato para não ser cassado na esteira das
denúncias de corrupção que o envolviam."
A
reportagem informa que nos 19 meses do atual mandato, o senador
paraense, de 68 anos, em nada lembra uma a lideranças que teve nas
décadas de 80 e 90, quando foi duas vezes governador do Pará, e esteve
sempre ao lados dos presidentes de plantão, independentemente da
ideologia, já que o que o que importava é obter cargos importantes dos
quais pudesse tirar vantagens. Assim, foi duas vezes ministro do governo
Sarney (1985-1990), presidente do PMDB e do Congresso na gestão
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e gozou de influência também no
mandato Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), quando apadrinhou as
indicações dos presidentes da Eletronorte, Jorge Palmeira, e da
Eletrobras, José Antonio Muniz. Sob Dilma Rousseff, Muniz foi rebaixado a
diretor de transmissão, numa mostra de perda de influência do
peemedebista.
SEM PROJETO
Até
o momento, Jader não apresentou nem relatou uma proposta legislativa
sequer. Não fez um discurso em plenário e não integra nenhuma comissão
temática do Senado. No ano passado, foi apontado pelo site Congresso em
Foco como o campeão das faltas: só esteve em 69 das 126 sessões de
votação. Em fevereiro, pediu para integrar a Comissão de Assuntos
Econômicos, mas, após faltar a todas as 17 reuniões, acabou substituído.
Nas
reuniões da bancada do PMDB, em que o partido fecha questão sobre
determinados projetos, raramente aparece, segundo relato de seis
senadores do partido entrevistados pelo Broadcast Político do Estadão.
Há quem nunca o tenha visto. "Entra mudo e sai calado", afirmou um
peemedebista que só o cumprimenta protocolarmente. Tampouco fez novos
amigos, segundo relato de oito senadores do PMDB e quatro de outros
partidos.
"Não vou palpitar sobre a atuação
dele", disse o senador Pedro Taques (PDT-MT), que integrou como
procurador da República uma força-tarefa que levou Jader à prisão em
fevereiro de 2002. Os dois nem sequer se cumprimentam.
SEM HOLOFOTES
O
senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que não participa das reuniões da
bancada, disse que o vê com frequência bem cedo, na hora de registrar
presença em plenário e durante as votações. "Ele fez uma opção de não
ficar sob os holofotes", opina Jarbas. Segundo pessoas próximas, Jader
tem por hábito conversar com a trinca José Sarney (AP), Romero Jucá (RR)
e Renan Calheiros (AL).
Romero Jucá é o único a
defender a atuação de Jader. "Ele tem tido um mandato mais ligado ao
Pará", justifica. Aliados dizem reservadamente que o senador está
preocupado com o futuro político do seu clã - um de seus planos é fazer
um dos filhos, o ex-prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, governador
do Estado em 2014.
Jader já gastou cerca de R$
292,6 mil com uma empresa responsável por divulgar sua atuação
parlamentar numa página da internet. Detalhe: boa parte das informações
do site são colagens de reportagens do jornal da sua família, o Diário
do Pará. A propósito, Jader inovou na resposta a seu único desafeto
declarado na Casa, o senador tucano Mário Couto (PA). Os demais colegas
receberam em seus gabinetes reportagens do Diário contra o tucano, que
havia feito pronunciamentos acusando Jader de ter patrimônio oculto,
fruto de desvios da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
(Sudam).
DENÚNCIA
Na
terça-feira, 30 de junho, o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, denunciou Jader em um dos quatro inquéritos a que ele responde
no Supremo Tribunal Federal (STF). No Senado, o peemedebista ainda é o
campeão de ações penais - responde a cinco. Seu advogado, Eduardo
Alckmin, disse que a nova acusação "é um pouco mais do mesmo".
Atribuiu-se a ele, segundo o defensor, a indicação de um superintendente
que teria praticado desvios bilionários na Sudam. O advogado nega.
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