terça-feira, 6 de agosto de 2013

Jader Barbalho é nulidade no Senado


Apagado
"Ele entra mudo e sai calado" do Congresso,  constata um peemedebista

O esforço do senador Jader Barbalho para passar despercebido no Senado, no qual não fez um discurso sequer desde que conseguiu uma brecha na Lei da Ficha Limpa para ser empossado no lugar da ex-senadora Marinor Brito, uma das mais atuantes do Congresso, chamou a atenção da reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", que publicou em sua edição de domingo, 4, e também no portal Estadao.com.br, a reportagem intitulada "Discreto e calado, um novo Jader no Senado", na qual mostra como é a rotina do parlamentar chegou a ocupar a presidência do Congresso, e justamente nesse momento, teve reveladas a lances de seu passado que o obrigaram a renunciar ao cargo, para não ser cassado, tais como desvios de recursos do Banpará, quando foi governador do Estao; e fraudes no Ministério da Previdência Social, quando foi ministro, e na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Recentemente, Jader foi condenado pela Justiça Federal do Tocantins, por ter sido beneficiado financeiramente por desvio de recursos da Sudam.

Motivos não faltam, portanto, para que o ex-poderoso parlamentar queira passar despercebido em sua volta ao Senado. É o que diz a reportagem: "Sem o poder que dispunha antes da renúncia e da prisão, peemedebista vai pouco ao Congresso, evita imprensa e até agora não apresentou projetos." Segundo o repórter Ricardo Brito, da reportagem do Estadão em Brasília, "Jader Barbalho chega ao plenário do Senado e se acomoda em uma das poltronas reservadas aos parlamentares do Pará, na terceira fila, do lado oposto à tribuna de imprensa onde se aglomeram os jornalistas. Taciturno, faz acenos discretos para colegas e vota como manda sua bancada, a do PMDB. Em seguida, deixa o plenário com a discrição que se impôs desde que retornou ao Senado, dez anos após deixar o comando da Casa e renunciar ao mandato para não ser cassado na esteira das denúncias de corrupção que o envolviam."

A reportagem informa que nos 19 meses do atual mandato, o senador paraense, de 68 anos, em nada lembra uma a lideranças que teve nas décadas de 80 e 90, quando foi duas vezes governador do Pará, e esteve sempre ao lados dos presidentes de plantão, independentemente da ideologia, já que o que o que importava é obter cargos importantes dos quais pudesse tirar vantagens. Assim, foi duas vezes ministro do governo Sarney (1985-1990), presidente do PMDB e do Congresso na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e gozou de influência também no mandato Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), quando apadrinhou as indicações dos presidentes da Eletronorte, Jorge Palmeira, e da Eletrobras, José Antonio Muniz. Sob Dilma Rousseff, Muniz foi rebaixado a diretor de transmissão, numa mostra de perda de influência do peemedebista.

SEM PROJETO

Até o momento, Jader não apresentou nem relatou uma proposta legislativa sequer. Não fez um discurso em plenário e não integra nenhuma comissão temática do Senado. No ano passado, foi apontado pelo site Congresso em Foco como o campeão das faltas: só esteve em 69 das 126 sessões de votação. Em fevereiro, pediu para integrar a Comissão de Assuntos Econômicos, mas, após faltar a todas as 17 reuniões, acabou substituído.

Nas reuniões da bancada do PMDB, em que o partido fecha questão sobre determinados projetos, raramente aparece, segundo relato de seis senadores do partido entrevistados pelo Broadcast Político do Estadão. Há quem nunca o tenha visto. "Entra mudo e sai calado", afirmou um peemedebista que só o cumprimenta protocolarmente. Tampouco fez novos amigos, segundo relato de oito senadores do PMDB e quatro de outros partidos.

"Não vou palpitar sobre a atuação dele", disse o senador Pedro Taques (PDT-MT), que integrou como procurador da República uma força-tarefa que levou Jader à prisão em fevereiro de 2002. Os dois nem sequer se cumprimentam.

SEM HOLOFOTES

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que não participa das reuniões da bancada, disse que o vê com frequência bem cedo, na hora de registrar presença em plenário e durante as votações. "Ele fez uma opção de não ficar sob os holofotes", opina Jarbas. Segundo pessoas próximas, Jader tem por hábito conversar com a trinca José Sarney (AP), Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL).

Romero Jucá é o único a defender a atuação de Jader. "Ele tem tido um mandato mais ligado ao Pará", justifica. Aliados dizem reservadamente que o senador está preocupado com o futuro político do seu clã - um de seus planos é fazer um dos filhos, o ex-prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, governador do Estado em 2014. 

Jader já gastou cerca de R$ 292,6 mil com uma empresa responsável por divulgar sua atuação parlamentar numa página da internet. Detalhe: boa parte das informações do site são colagens de reportagens do jornal da sua família, o Diário do Pará. A propósito, Jader inovou na resposta a seu único desafeto declarado na Casa, o senador tucano Mário Couto (PA). Os demais colegas receberam em seus gabinetes reportagens do Diário contra o tucano, que havia feito pronunciamentos acusando Jader de ter patrimônio oculto, fruto de desvios da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

DENÚNCIA

Na terça-feira, 30 de junho, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou Jader em um dos quatro inquéritos a que ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF). No Senado, o peemedebista ainda é o campeão de ações penais - responde a cinco. Seu advogado, Eduardo Alckmin, disse que a nova acusação "é um pouco mais do mesmo". Atribuiu-se a ele, segundo o defensor, a indicação de um superintendente que teria praticado desvios bilionários na Sudam. O advogado nega.
Procurada desde quinta-feira, a assessoria de imprensa de Jader disse que ele estava "incomunicável" em missões políticas no interior do Estado, mesmo tendo o Senado voltado à atividade na quinta-feira.
 
    Belém 05 de Agosto de 2013 - Jornal O Liberal

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