Segundo a Sema empresa que estava autorizada para atuar na região não tinha o propósito de comercializar a sua produção.

O problema não aconteceu, portanto, conforme destacou o titular da
Sema, na aprovação do plano de manejo, mas na sua operação. A empresa,
que estava autorizada a retirar e comercializar 150 mil metros cúbicos
de madeira, só atuou em cerca de 5% da área, conforme viria a descobrir a
fiscalização de campo. E ainda assim, a pouca madeira retirada da
floresta continuava no chão – o que significa dizer que a Tecnoflora não
tinha mesmo o propósito de comercializar a sua produção.

Para detectar a fraude do Marajó – e outras em curso, segundo
evidências já colhidas pela Sema –, foram utilizados os recursos da sala
de monitoramento, em funcionamento desde o ano passado, e as
fiscalizações de campo. A sala de monitoramento permite à secretaria
acompanhar, pela análise de imagens de satélites, as operações dos
projetos de manejo. Quando são detectados sinais de anormalidade, o
pessoal sai para uma inspeção in loco. Foi o que aconteceu no projeto da
Tecnoflora, numa área de difícil acesso e para onde os fiscais tiveram
que viajar a bordo de um helicóptero.
José Alberto Colares disse que, do final do ano passado para cá,
houve uma intensa movimentação de venda de créditos de madeira por parte
da Tecnoflora, o que sugeria um ritmo muito forte de produção. A partir
de junho, quando as imagens de satélite passaram a ganhar mais nitidez
por causa das condições climáticas favoráveis e da menor presença de
nuvens, o pessoal da sala de monitoramento percebeu, com espanto, que
não havia na área movimentação compatível com o volume de créditos
comercializados. Aí – disse Colares –, o passo seguinte foi a inspeção
de campo, que comprovou a utilização de mecanismo fraudulento.
O secretário informou que tanto a Tecnoflora quanto as 52 indústrias
madeireiras envolvidas na frade foram autuadas e tiveram bloqueadas as
suas operações. Agora, terão prazo de 15 dias para apresentar defesa na
esfera administrativa.
Depois o caso será encaminhado ao Ministério Público, que tomará as
medidas cabíveis para punição dos acusados na esfera criminal. A
reportagem do DIÁRIO tentou contato com o engenheiro florestal Eduardo
Eguchi, controlador da Tecnoflora, mas o telefone dele se manteve
insistentemente fora da área da cobertura.
Mercado
Por volta de 2006, o parque industrial madeireiro em operação no Pará
consumia em torno de 6 a 7 milhões de metros cúbicos de madeira por
ano. Como não houve, até onde se sabe, nenhuma redução drástica do
consumo, pode-se presumir que esse volume esteja valendo também para os
dias atuais, mesmo sem considerar a pressão de demanda exercida pelo
crescimento, nesse período, da massa populacional, potencialmente
consumidora de produtos florestais.
Contrariando essa lógica, o volume anualmente aprovado pela Sema,
segundo dados de 2012 e que devem permanecer praticamente inalterados em
2013, varia entre 3 e 3,5 milhões de metros cúbicos por ano, o que
corresponde a metade do consumo presumido. E de onde vem a outra metade?
Segundo o secretário da Sema, muito provavelmente de mecanismos
fraudulentos, como o que acaba de ser detectado agora.
Fonte: Diário do Pará
Publicado em 21 de setembro de 2013 às 11:00
Publicado em 21 de setembro de 2013 às 11:00
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