ARTIGO DO EX-DEPUTADO FEDERAL ONOFRE CORRÊA QUE PROCESSA O ESTADO POR FALSA ACUSAÇÃO DE TRABALHO ESCRAVO
AINDA HÁ JUÍZES NO BRASIL
*Onofre Correa
Art. 5o, II - ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei –(Constituição do Brasil).
Onofre Corrêa |
A agressão
sofrida me encorajou a ir ao embate e não cedi às pressões para reconhecer os supostos
delitos a mim imputados.
Por não proceder como a maioria dos
proprietários rurais que, desinformados, aceitam culpas e fazem qualquer acordo, fechando
os olhos para prejuízos posteriores, parti para a luta calcado na lógica e
orientado por meu advogado. Não aceitei nenhum acordo. Em virtude desse meu
gesto, recebi uma infinidade de multas e processos que desonram qualquer cidadão.
Os agentes do estado me escolheram para ser a grande atração. Jogado no centro
da arena, eu era para eles o bode expiatório ideal. Dada a minha situação de
ex-parlamentar, levianamente, anteciparam para todo o Brasil que em minha
propriedade havia exploração de trabalhadores rurais.
Foram meses de sofrimento
e angústia até a chegada dos autos aos tribunais com multas exorbitantes e processos
virulentos. No primeiro processo, por denúncia
de trabalho escravo, após sucessivas derrotas, o Ministério Público bateu à porta
do Supremo. Em vão. Encontra-se transitado e julgado em meu favor. O de crime
ambiental, de tão inconsistente, não prosperou, prescreveu e me restituíram os equipamentos
apreendidos. O terceiro e último, uma ação penal na Justiça Federal por danos
morais coletivos, patrocinada pela Polícia Federal e o Ministério Público, acaba
de ser arquivado pelo não reconhecimento de culpa por parte do magistrado.
Por quase dez anos, dormi e acordei pensando em
como sair daquela situação, apegando-me sempre à lógica e ao saber do meu
advogado. Preparava-me sempre para o próximo lance. Já na primeira audiência, a
de instrução, a magistrada propôs um acordo ao qual não assenti. Confiante na
lei tinha o propósito de ir até ao final. Os processos se tornaram pra mim uma obsessão,
era uma questão de honra. Queria provar o quanto aquela turma de marajás de
Brasília, representada pela auditora fiscal Virna Damasceno, eram arrogantes, incompetentes
e desleais para com o cidadão brasileiro. Queriam mesmo eram aparecer para a imprensa
e para seus chefes e patronos políticos. Hoje, encontro-me totalmente livre
desse pesadelo que dividi, durante dez anos, com o Dr. William Freire, patrono
da causa, profissional que, pelo resultado alcançado, dispensa comentários. No
dia a dia e na dureza do combate, evoluímos da condição de representante e
representado para a de amigos fraternos.
Esse triste episódio da minha vida representa somente
o primeiro round, pois já estamos nos
preparando para o segundo embate, quando exigiremos do Estado reparação pelos danos
morais e materiais que me impuseram.
Que esse desabafo
encoraje a todos aqueles que forem acuados pelos agentes do Estado a se lembrarem
de que, a cima do homem, tem a lei.
Ações assim servirão para construir um código de ética pelo qual os
agentes do Estado se conduzam dentro dos parâmetros da legalidade e não saiam
pelo Brasil afora abusando e se aproveitando da ignorância de seus cidadãos.
*Onofre Correa é ex produtor rural e ex-deputado federal constituinte.
Fonte:
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário