segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Jader Barbalho lidera gastança no Senado



Verba
Político menos atuante da Casa já torrou R$ 354 mil só este ano
Brasília
THIAGO VILARINS
Da Sucursal
Além do salário de R$ 26,7 mil, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) já utilizou esse ano R$ 354,03 mil em Cota para Exercício de Atividade Parlamentar (Ceaps), mais conhecida como verba indenizatória. É disparado o maior gasto entre os 81 senadores. O recurso que é utilizado pela maioria dos parlamentares para o ressarcimento dos gastos com passagens aéreas para os estados de origem, locação de automóveis e imóveis para escritório, tem outra serventia para o senador peemedebista. Cerca de 40% desse montante foram gastos com "divulgação de atividade parlamentar" em 2013. Ou seja, entre janeiro e setembro deste ano, Barbalho já gastou R$ 138,6 mil em dinheiro público para uma empresa divulgar o seu mandato, inegavelmente, apagado.
Em um ano e nove meses no Senado, Jader Barbalho não fez um único pronunciamento em plenário nem apresentou qualquer projeto de lei. O senador, que só tomou posse em 28 dezembro de 2011, após ser beneficiado com o adiamento da vigência da Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2012 (o último dos 54 senadores eleitos em 2010 a ser empossado), só registrou presença em 69 (55%) das 126 sessões destinadas a votação ao longo do primeiro semestre desse ano. Mesmo com um mandato praticamente invisível, de possuir empresas de comunicação e assessoria de imprensa no seu gabinete no Senado, Barbalho desembolsa, mensalmente, R$ 15,4 mil para a empresa paulista CGICOM Propaganda e Marketing promover suas atividades parlamentares.
Questionada essa semana pela imprensa sobre esse gasto excessivo, a assessoria de Barbalho disse que a empresa paulista cuida das mídias sociais do senador, atualizando, por exemplo, o seu site. Apenas o senador Ivo Cassol (PP-RO) supera os gastos de Barbalho no cuidado da sua imagem política: R$ 145,9 mil. Não por menos, os dois estão no topo do rol dos políticos mais enrolados com a Justiça. Enquanto o paraense aguarda o julgamento de seis ações penais e três inquéritos criminais por crimes de peculato, contra o sistema financeiro, falsidade ideológica, quadrilha ou bando e emprego irregular de verba pública, Cassol já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a quatro anos e oito meses de prisão no regime semiaberto por fraude em licitações. O senador está recorrendo da condenação no STF.
Se chamam atenção os gastos de Jader Barbalho com a divulgação do mandato parlamentar, outra cifra também vale ser destacada. O senador gastou entre os últimos meses de abril e setembro R$ 129,6 mil (R$ 21,6 mil por mês) para contratar a empresa "KJ Carrera Ramos ME". Nesse caso, o dinheiro do contribuinte foi usado na cifra de "contratação de consultorias, assessorias, pesquisas, trabalhos técnicos e outros serviços de apoio ao exercício do mandato parlamentar". A gastança do dinheiro público, novamente, provoca estranheza, uma vez que, como já foi dito, o senador é o menos atuante da Casa.
Contratos dessa ordem são geralmente feitos para o apoio na formulação de discursos e projetos, algo totalmente ignorado por Barbalho, não só nessa legislatura, como também nos últimos mandatos na Câmara dos Deputados. Além disso, o Senado Federal já disponibiliza consultoria parlamentar, o que torna essa contratação praticamente dispensável. Como comparativo, os dois outros representantes do Pará no Senado, Flexa Ribeiro e Mário Couto, ambos do PSDB, não anotaram nenhum contrato, tanto para "divulgação da atividade parlamentar", quanto para "contratação de consultoria" nesse ano.
O economista Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da ONG Contas Abertas, ressalta que os valores desembolsados pelo peemedebista são exorbitantes e merecem esclarecimentos. "A meu ver, não basta como hoje acontece, que você tem acesso ao nome da empresa e ao valor que foi pago. Nós deveríamos ter acesso as notas fiscais em que deveriam ser discriminados, exatamente, quais foram os serviços prestados. Porque, a princípio, são valores absolutamente anormais, quer dizer, porque nada justificaria a necessidade de um parlamentar gastar por mês com a divulgação do mandato valores dessa ordem. É natural que autoridades tenham que prestar contas, mas isso não significa esse gasto em nenhum momento", alerta.
Fonte: Jornal O Liberal

Belém 06 de Outubro de 2013

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