Político menos atuante da Casa já torrou R$ 354 mil só este ano
Brasília
THIAGO VILARINS
Da Sucursal
Além
do salário de R$ 26,7 mil, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) já
utilizou esse ano R$ 354,03 mil em Cota para Exercício de Atividade
Parlamentar (Ceaps), mais conhecida como verba indenizatória. É
disparado o maior gasto entre os 81 senadores. O recurso que é utilizado
pela maioria dos parlamentares para o ressarcimento dos gastos com
passagens aéreas para os estados de origem, locação de automóveis e
imóveis para escritório, tem outra serventia para o senador
peemedebista. Cerca de 40% desse montante foram gastos com "divulgação
de atividade parlamentar" em 2013. Ou seja, entre janeiro e setembro
deste ano, Barbalho já gastou R$ 138,6 mil em dinheiro público para uma
empresa divulgar o seu mandato, inegavelmente, apagado.
Em
um ano e nove meses no Senado, Jader Barbalho não fez um único
pronunciamento em plenário nem apresentou qualquer projeto de lei. O
senador, que só tomou posse em 28 dezembro de 2011, após ser beneficiado
com o adiamento da vigência da Lei da Ficha Limpa para as eleições de
2012 (o último dos 54 senadores eleitos em 2010 a ser empossado), só
registrou presença em 69 (55%) das 126 sessões destinadas a votação ao
longo do primeiro semestre desse ano. Mesmo com um mandato praticamente
invisível, de possuir empresas de comunicação e assessoria de imprensa
no seu gabinete no Senado, Barbalho desembolsa, mensalmente, R$ 15,4 mil
para a empresa paulista CGICOM Propaganda e Marketing promover suas
atividades parlamentares.
Questionada
essa semana pela imprensa sobre esse gasto excessivo, a assessoria de
Barbalho disse que a empresa paulista cuida das mídias sociais do
senador, atualizando, por exemplo, o seu site. Apenas o senador Ivo
Cassol (PP-RO) supera os gastos de Barbalho no cuidado da sua imagem
política: R$ 145,9 mil. Não por menos, os dois estão no topo do rol dos
políticos mais enrolados com a Justiça. Enquanto o paraense aguarda o
julgamento de seis ações penais e três inquéritos criminais por crimes
de peculato, contra o sistema financeiro, falsidade ideológica,
quadrilha ou bando e emprego irregular de verba pública, Cassol já foi
condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a quatro anos e oito meses
de prisão no regime semiaberto por fraude em licitações. O senador está
recorrendo da condenação no STF.
Se
chamam atenção os gastos de Jader Barbalho com a divulgação do mandato
parlamentar, outra cifra também vale ser destacada. O senador gastou
entre os últimos meses de abril e setembro R$ 129,6 mil (R$ 21,6 mil por
mês) para contratar a empresa "KJ Carrera Ramos ME". Nesse caso, o
dinheiro do contribuinte foi usado na cifra de "contratação de
consultorias, assessorias, pesquisas, trabalhos técnicos e outros
serviços de apoio ao exercício do mandato parlamentar". A gastança do
dinheiro público, novamente, provoca estranheza, uma vez que, como já
foi dito, o senador é o menos atuante da Casa.
Contratos
dessa ordem são geralmente feitos para o apoio na formulação de
discursos e projetos, algo totalmente ignorado por Barbalho, não só
nessa legislatura, como também nos últimos mandatos na Câmara dos
Deputados. Além disso, o Senado Federal já disponibiliza consultoria
parlamentar, o que torna essa contratação praticamente dispensável. Como
comparativo, os dois outros representantes do Pará no Senado, Flexa
Ribeiro e Mário Couto, ambos do PSDB, não anotaram nenhum contrato,
tanto para "divulgação da atividade parlamentar", quanto para
"contratação de consultoria" nesse ano.
O
economista Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da ONG
Contas Abertas, ressalta que os valores desembolsados pelo peemedebista
são exorbitantes e merecem esclarecimentos. "A meu ver, não basta como
hoje acontece, que você tem acesso ao nome da empresa e ao valor que foi
pago. Nós deveríamos ter acesso as notas fiscais em que deveriam ser
discriminados, exatamente, quais foram os serviços prestados. Porque, a
princípio, são valores absolutamente anormais, quer dizer, porque nada
justificaria a necessidade de um parlamentar gastar por mês com a
divulgação do mandato valores dessa ordem. É natural que autoridades
tenham que prestar contas, mas isso não significa esse gasto em nenhum
momento", alerta.
Fonte: Jornal O Liberal Belém 06 de Outubro de 2013
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