O
juiz da comarca de Soure, na ilha do Marajó, decidiu afastar do cargo
por 90 dias o prefeito de Santa Cruz do Arari, Marcelo Pamplona (PT).
Ele é acusado de maus-tratos a animais por ter mandado capturar cães e
cadelas do município. Os animais foram exilados em um local sem
assistência. Segundo denúncias da população, alguns dos cachorros teriam
sido mortos. A informação é do Ministério Público do Estado.
Segundo
o MP, a medida cautelar foi baseada no inquérito civil instaurado pela
promotoria. A alegação do Ministério Público é que o prefeito poderia
utilizar seu poder político para influenciar a apuração do caso,
dificultando a apuração dos fatos. Cabe recurso.
Pamplona
se defende das acusações e afirma que as acusações estão relacionadas a
questões políticas, uma manobra de seus adversários para desqualificar
seu trabalho. Ele também crítica a falta de investigações sobre caso,
que segundo ele, utiliza-se apenas de um vídeo caseiro. "Afirmam que eu
matei mais de 300 cães, mas onde estão esses cães mortos? Não apareceu
até agora nenhum", garante.
O
prefeito afirma que não foi notificado formalmente sobre a decisão, mas
irá recorrer. "Fui eleito com 55% dos votos, estou tranquilo, pois não
devo nada. Só gostaria de saber quem vai reparar os danos causados a
mim", diz Pamplona.
Cautelar - A
medida cautelar com base no inquérito civil público instaurado pelo
Ministério Público do Estado (MPE) teve decisão liminar do juiz da
comarca de Soure, Antonio Carlos de Souza Moitta Koury. Segundo o MP, a
intimidação de testemunhas arroladas ao processo estaria dificultando o
trabalho de investigação do caso. "O juiz Koury acatou o pedido do MP e
determinou o afastamento do gestor municipal que ficou conhecido no País
como o ‘Canicida do Marajó’", diz a nota do Ministério Público. A
decisão cabe recurso.
Segundo
denúncias de moradores feitas no início do mês, Marcelo Pamplona
autorizou o extermínio de cães no município de Santa Cruz do Arari. A
prefeitura estaria pagando pela caça de cães e cadelas, e os animais
apreendidos seriam mortos. Na ocasião, o prefeito reconheceu a medida de
capturar os cachorros, mas negou autorização de matança dos animais.
A
justificativa para a medida de saneamento é de que os cachorros foram
levados para a zona rural do município, por estarem causando a
proliferação de doenças na cidade. A estimativa é de cerca de 200 cães
possam ter sido capturados por servidores municipais e enviados para a
zona rural da cidade, no último dia 28.
Imagens - Vídeos
registram cachorros sendo laçados até por crianças. Segundo informações
da população, o prefeito pagou R$ 5,00 por cada cachorro e R$ 10,00 por
cadela. Os cães que haviam sido enviados para a zona rural foram
resgatados por uma ONG de defesa dos animais e trazidos para Belém.
Veterinários
consideraram a medida desnecessária para o controle de doenças. A
acusação de extermínio de animais gerou inúmeros protestos diante da
postura do prefeito, e motivou uma série de manifestações nas redes
sociais, além de uma passeata em Belém que contou com a presença de
atores da Rede Globo.
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