Reincidência
Produto é processado dentro da própria Resex Gurupá-MelgaçoEVANDRO CORRÊA
Sucursal do Oeste do Pará
Integrantes
do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Agroextrativistas
de Gurupá denunciou novamente esta semana a extração ilegal de madeira
na Reserva Extrativista (Resex) Gurupá-Melgaço. O presidente da
entidade, Heraldo Pantoja da Costa, conta que o sindicato vem
denunciando desde 2008 a presença de madeireiros ilegais na região.
Criada em 2006, a Resex, com 145 mil hectares (o equivalente a 145 mil
campos de futebol), sofre com a extração ilegal de madeira, com a falta
de um plano de manejo que permita a exploração sustentável dos recursos
naturais e com a ausência de políticas públicas.
Do
alto, é possível ver diversas clareiras com árvores caídas, toras
empilhadas e estradas abertas pelos madeireiros no meio da mata fechada,
segundo denúncia dos moradores da Resex. O barulho das motosserras e o
vaivém de caminhões e embarcações carregados de madeira serrada no Rio
Pucuruí não passam despercebidos pelos moradores. De acordo com o
presidente do sindicato, a madeira é processada dentro da Resex
Gurupá-Melgaço em serrarias ilegais. "O movimento sindical tem
trabalhado para segurar essa floresta, mas não é fácil por causa da má
gestão do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade), das políticas públicas que não chegam, da invasão de
madeireiros".
As
cerca de 800 famílias da reserva vivem da produção de açaí, palmito,
farinha de mandioca e pescado. Um dos líderes da Resex, Mateus Souza de
Carvalho, de 21 anos, diz que a ausência do Estado propicia que alguns
moradores sejam cooptados por madeireiros e vendam árvores entre R$ 50 e
R$ 100 cada.
Recentemente,
a ministra do Meio Ambiente (MMA), Izabella Teixeira, ressaltou que a
exploração ilegal de madeira em reservas extrativistas da Amazônia é
objeto de investigação do governo federal. "Isso (a extração ilegal de
madeira) tem um ônus para as populações que vivem lá, joga essa
população na pobreza e exclui, além da degradação ambiental", disse ela.
O
presidente do ICMBio, autarquia vinculada ao MMA, Roberto Vizentin,
informou que a extração ilegal de madeira antes da criação das Resex era
muito maior. "O fato de ter criado as reservas extrativistas assegurou o
território a essas populações e uma condição de assumir o controle da
área e planejar o uso dos recursos. A extração ilegal de madeira que
ainda persiste é uma realidade e vamos ter uma ação mais enérgica de
controle com os mecanismos de fiscalização e ação policial", disse.
Ele ressaltou que o
governo pretende apoiar as populações extrativistas a fazer a transição
para uma economia de base sustentável. "Se as famílias não têm
alternativa de renda, elas ficam mais vulneráveis à ação desses
madeireiros ilegais. Reconhecemos o problema e estamos apresentando no
2º Chamado da Floresta um pacote de ações muito concretas de apoio ao
extrativismo", disse Vizentin. Oitocentas famílias de extrativistas vivem na reserva
Fonte: Jornal O Liberal
Belém 02 de Dezembro de 2013
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