sábado, 1 de março de 2014

Para fechar cerco à máfia da madeira, MP vai cobrar cooperação entre órgãos de fiscalização






Termo de Ajuste de Conduta (TAC) pode colocar mais servidores públicos no papel de fiscais
27/02/2014 às 16h41
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Pará (MPE/PA) estão concluindo negociações para a proposição de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que vai exigir mais eficácia e cooperação entre os órgãos de fiscalização do comércio de produtos florestais no Estado. Pelo chamado TAC da madeira, o Ministério Público estuda a cobrança de iniciativas que podem aumentar o efetivo de fiscais em todo o Pará. 
O anúncio foi feito por representantes do MPF e do MPE/PA no workshop internacional sobre o comércio ilegal de madeira, evento promovido pelo MPF e pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O workshop teve o objetivo de oferecer a membros do MPF e a agentes do governo americano espaço para a troca de experiências no combate a crimes ambientais, principalmente os ligados à extração ilegal de madeira na Amazônia.
Além do aumento no número de fiscais, o TAC da madeira também pretende levar órgãos públicos a aprimorarem a atuação no Estado por meio do compartilhamento e padronização de informações. 
Sobre os obstáculos para as investigações de comércio ilegal de madeira no Brasil, o delegado da Polícia Federal Bruno Benassuly destacou que, apesar de nos últimos dez anos terem aumentado as áreas de Terras Indígenas e de unidades de conservação, o efetivo da Polícia Federal continuou sem alteração.
O chefe do núcleo de floresta do Ibama, Denis Pereira, apresentou dados do Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora) e do Sistema de Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais (Ceprof) sobre a movimentação da madeira.
Pereira sugeriu melhorias no processo de liberação de créditos de madeira por meio do embargo no período do inverno amazônico, do estabelecimento do Sisflora 2, versão melhorada do sistema de controle da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), e por meio da restrição da liberação de Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) em áreas já exploradas.
O consultor sênior do Setor de Crimes Ambientais da Divisão de Recursos Naturais e Meio Ambiente do Departamento de Justiça dos EUA, Rocky Piaggione, explicou como atuam em vários países as unidades de investigação financeira especializadas. Segundo ele, no Brasil o Ministério Público pode requisitar a atuação dessas unidades por meio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Conhecido como Grupo de Egmont, esse grupo de órgãos de fiscalização hoje reúne 105 países com unidades de inteligência financeira. 
Em sintonia com as propostas do TAC da madeira, o procurador da República no Amazonas Rafael da Silva Rocha disse que uma das principais formas de atuação do Ministério Público é justamente a promoção de termos de cooperação técnica entre os órgãos de fiscalização. Segundo o procurador da República, iniciativas como essa evitam que o Ministério Público seja obrigado a provocar rotineiramente os órgãos públicos a cumprirem seus papéis como fiscais do comércio ilegal de produtos florestais. 
A procuradora regional da República na 1ª Região Gisele Porto, que parabenizou a Procuradoria da república no Pará pela organização do evento, destacou a importância de que membros do MPF das áreas cível e criminal atuem de modo cooperativo, para buscar a vinculação entre a punição dos crimes na esfera penal e a necessidade de obrigar os criminosos a promoverem a reparação dos danos ambientais provocados.
A procuradora regional da República também enfatizou que o combate ao comércio ilegal de madeira passa pela atuação do Ministério Público contra servidores públicos que produzem ou autorizam planos de manejo falsos. Segundo ela, o Ministério Público deve priorizar a cobrança de transparência pelos órgãos de fiscalização.
"Muitas vezes, os principais resultados da atuação do Ministério Público se dão quando a instituição promove a disseminação de informações, por meio de audiências públicas ou por meio de outras ferramentas. Muitos dos planos de manejo aprovados com irregularidades não teriam sido autorizados se tivessem sido avaliados em uma audiência pública", observou.
O workshop terminou nesta quinta-feira, 27 de fevereiro, com um balanço de estudos de casos feitos em conjunto por membros do MPF, MPE/PA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), agentes do governo norte-americano e pesquisadores.
Fonte; Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
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